quarta-feira, outubro 8, 2025
spot_img
HomeTodosCom pacientes nos corredores, UPA Moacyr Scliar opera quatro vezes acima da...

Com pacientes nos corredores, UPA Moacyr Scliar opera quatro vezes acima da capacidade em Porto Alegre

Reportagem teve acesso às alas internas e constatou pacientes sendo monitorados e medicados em macas e poltronas improvisadas

Com capacidade para 17 leitos, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Moacyr Scliar, na zona norte de Porto Alegre, atendia 54 pessoas às 9h desta sexta-feira (7). Uma hora depois, o número subiu para 68, ou seja, quatro vezes acima do que o local está preparado.

Na recepção da unidade, um aviso fixado no vidro informa aos usuários que o local enfrenta superlotação e não tem previsão de novos atendimentos. Apesar do comunicado, pacientes seguem sendo recebidos e classificados conforme o grau de gravidade. A estrutura, no entanto, precisa ser improvisada para dar conta da alta demanda.

Outros três pronto atendimentos da Capital também enfrentam superlotação. Segundo o painel de atualizações da prefeitura, as unidades da Lomba do Pinheiro, Bom Jesus e Cruzeiro do Sul operavam com capacidade acima de 300% nesta manhã.

A reportagem teve acesso às alas internas e constatou pacientes sendo monitorados e medicados em macas poltronas improvisadas pelos corredores, além de salas que serviam para outras funções, como a área para administração de medicações, que está sendo dividida com internados.

O espaço que deveria servir para casos de isolamento também passou a ser utilizado, não havendo mais um lugar específico para este tipo de atendimento.

— A classificação de risco menos urgente a gente tem uma previsão de tempo maior para atendimento. Então a orientação é que, em dias úteis, das 8h às 17h, as pessoas procurem seus postos de saúde ou a UPA do seu município. A classificação laranja, que é mais urgente, a gente consegue fazer entre 15 e 30 minutos — esclarece o gerente da UPA, Jesse James Selistre.

Selistre explica que os 54 pacientes atendidos às 9h, 18 eram da Região Metropolitana — metade deles de Alvorada. A procura por moradores de outros municípios, somada à dificuldade de encaminhamento para hospitais, são os maiores desafios no momento, segundo ele:

— Tem vários fatores que, juntos, causam a superlotação. O primeiro deles é a falta de leitos no município, que causa a demora na liberação desses leitos nos hospitais de retaguarda, e esses pacientes que deveriam ficar 24 horas acabam ficando dois, três, cinco, sete dias conosco. O segundo fator é a questão da Região Metropolitana, principalmente Alvorada, junto de Cachoeirinha, Gravataí e Viamão, os habitantes desses municípios optam em vir para a UPA Moacyr Scliar em vez de usar a UPA do seu município — explica Selistre.

O gerente ainda elenca a demora do Estado para contra regular os pacientes que estão internados para retornar às suas regiões e o fechamento de outras emergências em hospitais, que restringem as opções de atendimento e sobrecarregam a unidade.

— Paralelo a isso as emergências fechadas na cidade de Porto Alegre acabam empurrando esses usuários que não correm risco de morte para serem atendidos na UPA, então a UPA se tornou uma das poucas portas de entrada no sistema único de saúde. Os hospitais que deveriam ser retaguarda da UPA. Hoje a UPA é o lugar onde os hospitais respiram um pouco deixando os pacientes alguns dias até se organizarem internamente — observa.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde e aguarda posicionamento. O espaço está aberto para manifestações.

Já a Secretaria Municipal de Saúde se manifestou através de uma nota (leia a íntegra abaixo), salientando que a procura aumenta com pacientes que não apresentam casos de maior gravidade e devido ao fechamento de atendimentos na Grande Porto Alegre.

Nota da Secretaria Municipal de Saúde

“A Secretaria Municipal de Saúde informa que a procura pelos prontos-atendimentos da Capital e UPA Moacyr Scliar tem sido motivada por uma ampla variedade de sintomas clínicos, respiratórios, digestivos, cardiovasculares e dermatológicos.

No entanto, observa-se que muitos desses casos são de menor gravidade e poderiam ser atendidos nas unidades de saúde, evitando a sobrecarga dos serviços de urgência e emergência. Os prontos-atendimentos são destinados prioritariamente a situações de urgência e emergência, seguindo o Protocolo de Manchester, que classifica a gravidade dos pacientes e garante que os casos mais graves sejam atendidos primeiro. Diversas unidades de saúde contam com horários diferenciados, entre 18 e 22 horas. Os canais do 156 ajudam a esclarecer dúvidas.

Os leitos clínicos de enfermaria são os mais demandados pela UPA e pelos PAs, e a taxa de ocupação de 90% indica que a maioria dos leitos está ocupada, resultando em dificuldades para acomodar novos pacientes e aumentando o tempo de espera.

Cabe ressaltar que a demanda aumentou ainda mais com o fechamento de serviços na região metropolitana, fazendo com que as pessoas procurem a Capital. Mais de 40% dos atendimentos da UPA Moacyr Scliar são da Grande Porto Alegre e outros mais de 15% nos demais prontos atendimentos (Cruzeiro do Sul, Bom Jesus e Lomba do Pinheiro)”.

RELATED ARTICLES
- Advertisment -
Google search engine

Most Popular

Recent Comments

- Advertisment -
Google search engine

Most Popular

Recent Comments